Valdemar W. Setzer
12/2/07 –
versão 2.1 de 26/2/07
O país quase inteiro ficou
chocado com a notícia do assassinato do menino João Hélio no Rio de Janeiro,
cujo corpo, após um assalto, foi arrastado pelo cinto de segurança do carro,
dirigido pelos assaltantes, por 7 km. Imediatamente houve uma mobilização para
aumentarem-se as penas criminais, inclusive diminuindo-se a maioridade penal,
apelos para maior segurança com aumento dos efetivos policiais, término da
corrupção nas polícias, e outras medidas congêneres. Medidas de segurança
funcionam, como ficou demonstrado em Nova York, onde uma intensa repressão ao
crime diminuiu drasticamente a criminalidade. Há um mês senti isso
pessoalmente, pois podia andar por toda essa cidade, a qualquer hora, sem
sentir medo, o que não foi o caso na primeira de várias vezes em que lá estive
em 1968. No entanto, ninguém está falando sobre o que se poderia efetivamente
fazer, de imediato, nas famílias e nas escolas para que diminua a violência.
Nas famílias, há uma receita garantida: não mais
deixar crianças e jovens terem acesso a TV e a jogos eletrônicos. Está
mais do que provado, cientificamente, que programas de TV e jogos violentos
produzem aumento da agressividade em crianças, jovens e adultos a curto, médio
e longo prazo. Por exemplo, uma pesquisa de Anderson e Dill em 2000 mostrou
claramente, no laboratório e na vida real, o aumento da agressividade devido a
jogos eletrônicos violentos. Note-se que "agressividade" abrange uma
enorme gama de atitudes, como ter pensamentos e sentimentos agressivos, bem
como ações, desde uma agressão simplesmente verbal, passando por uma agressão
física leve como um empurrão, até uma muito violenta.
Como é possível entender esse fenômeno? Tratemos
inicialmente da TV. Em primeiro lugar, é importante reconhecer que o ser humano
incorpora todas as suas vivências. O leitor que tiver coragem de ler este
artigo até o fim terá produzido, em si, uma pequena mudança, isto é, não será
mais exatamente aquele que era quando começou a lê-lo. A maior parte daquela
incorporação se dá diretamente no sub- e no inconsciente, ou some do consciente
com o tempo, por isso lembramos pouco dos detalhes das vivências. Portanto,
todas as imagens da TV são incorporadas pelo telespectador. Essa incorporação
obviamente influencia a pessoa em maior ou menor grau. Como o telespectador
está normalmente em um estado de sonolência (por isso, já com um pouco tempo de
ver TV muitos telespectadores adormecem), essa incorporação das imagens vistas
se dá diretamente no sub- e inconsciente. Para comprovar o estado de
sonolência, basta observar o rosto de um telespectador, que em geral mostra um
olhar amortecido, vidrado, e não de quem está atento, acompanhando
conscientemente, com seu pensamento, o que está sendo visto. Um outro teste
consiste em, após um noticiário, perguntar a uma pessoa quais notícias
assistiu, sem ela saber de antemão que será testada. O resultado desse teste
vai surpreender: na cidade de San Francisco em 1971, ele foi feito por
telefone, constatando-se que mais da metade das pessoas não se lembrava de
nenhuma notícia sequer. Em geral, as notícias lembradas são as mais violentas.
Não é difícil entender o estado de sonolência produzido pela TV: as imagens
sucedem-se ou mudam com rapidez muito grande, de modo que é impossível pensar
conscientemente em cada uma. O leitor poderá testar isso consigo próprio:
tentando pensar em cada imagem, em geral em meio minuto fica-se mentalmente
exausto; é interessante notar como a tendência é "relaxar" a mente,
deixando tudo penetrar sem passar pelo crivo do pensamento. Atitude física
estática, pensamento consciente praticamente abafado, o que sobra ao
telespectador? Seus sentimentos! E é aí que a TV concentra sua ação, daí os
programas apelarem tanto para as emoções: é isso que mantém o telespectador
desperto e ligado ao que está sendo transmitido. Conflitos pessoais, erotismo e
violência (incluindo competições esportivas agressivas) justamente apelam para
emoções, atraindo o telespectador, por isso são tão freqüentemente
transmitidos. São, aliás, o que a TV melhor consegue transmitir: um programa
calmo, ou que exige concentração e raciocínio do telespectador é considerado
por este "chato", e ele logo muda de canal. É importante reconhecer
que a TV presta-se muito mais para transmitir violência do que carinho ou
cultura, e não adianta querer mudar essa situação por meio de controle nas
transmissoras (que nunca foi feito e presumo que nunca será), pois isso é
conseqüência do aparelho e do estado mental em que ele coloca o telespectador.
Note-se que os aparentemente ingênuos desenhos animados para crianças são
repletos de atos de agressão e violência – além de apresentarem uma caricatura
do mundo (é essa a imagem interior de mundo que se quer que as crianças
desenvolvam?). Um estudo da Associação Médica Americana estimou que uma criança
americana, quando termina a 4a. série (10 a 11 anos), já viu em média 8.000
mortes e mais de 100.000 atos de agressão na TV. Até os 18 anos, um jovem já
viu nela 32.000 assassinatos e 40.000 tentativas de morte, os números sendo bem
maiores em cidades grandes. Em 1992 foram analisados em Washington os programas
dos 19 canais mais assistidos, de 6h00 até meia-noite; as 180 horas totais de
TV contiveram 1.846 atos explícitos de agressão, dentre os quais 751 com risco
de morte e 175 com morte. Isso dá 10 atos de agressão e uma morte por hora de
TV, distribuídos entre os vários canais.
Em particular, todas as imagens de violência ficam
armazenadas no sub- ou inconsciente do telespectador, produzindo um eventual
condicionamento de suas ações quando executadas em semi- ou inconsciência, em
situações análogas às vistas nas transmissões. Isso se dá, por exemplo, em
casos de estresse ou de emergência, ou decisões sem reflexão, quando a pessoa
age instintivamente e sem pensar. É por isso que houve um casamento perfeito entre
a TV e a propaganda – o ideal é que o consumidor escolha pelo condicionamento
feito pela propaganda, e não por uma decisão consciente. De fato, 2/3 dos
gastos com propaganda no Brasil vão para a TV, não simplesmente por que é o
veículo mais difundido, mas por que funciona! Grandes empresas, como as de
refrigerantes, não gastariam centenas de milhões de reais por ano em propaganda
na TV se ela não funcionasse, isto é, se não proporcionasse as vendas
necessárias para cobrir esses gastos e ainda dar polpudos lucros. A propaganda
de cigarros foi banida da TV, pois ela funcionava, isto é, condicionava as
pessoas a fumarem. Um estudo de Hancox e colaboradores na Nova Zelândia em 2004
mostrou que, mesmo sem propaganda de cigarros, as pessoas que viram muita TV na
infância tinham 17% mais de chance de fumar aos 26 anos de idade, simplesmente
por terem visto ocasionalmente, em filmes ou outros programas, imagens de
pessoas fumando já que, naquele país, a propaganda de cigarros na TV está
proibida desde 1963; note-se com isso como a influência da TV nas pessoas é
muito maior do que se costuma imaginar.
Todos os milhões de imagens de violência assistidas
na TV obviamente não passam em brancas nuvens: acabam influenciando o
comportamento da criança, jovem ou adulto, aumentando sua agressividade.
Portanto, eliminar a TV da vida de crianças e jovens é um passo absolutamente
seguro para diminuir a violência, curto, médio e longo prazo. É importante
notar que não existe necessidade nenhuma de assistir TV pois, como vimos, esta
tem muito mais o efeito condicionador do que o informativo. Por exemplo, uma
criança aprende infinitamente mais brincando ou ouvindo histórias do que
assistindo passivamente (física e mentalmente) a TV, em um programa que
certamente não tem nada a ver com o contexto particular daquela criança (pois é
um veículo de comunicação de massa). A TV, como babá eletrônica, é muito cômoda
para os pais, pois ao assisti-la as crianças, entrando em estado de sonolência,
ficam sossegadas. No entanto, quando a TV é desligada, elas passam a um estado
hiperativo, pois o normal para uma criança não é ficar sentada passiva, e
portanto ela sente a necessidade de compensar com muita atividade; nessa
situação, em desespero, os pais ligam novamente a TV para acalmar a criança...
A propósito, já está mais do que provado que a TV é uma das responsáveis pelo
aumento do excesso de peso em crianças e adultos, o que já se tornou epidêmico.
Como mostrou uma pesquisa feita por Klesges e colaboradores em 1993, uma pessoa
vendo TV gasta menos energia do que uma pessoa deitada sem dormir! (Além disso,
o telespectador muitas vezes está consumindo docinhos e salgadinhos empurrados
pela propaganda televisiva...)
Passemos aos jogos eletrônicos. No sentido de
induzir agressividade, eles são muitíssimo piores do que a TV, pois neles o
condicionamento não se dá só pela imagem, mas também pela ação. Os jogos mais
preferidos são os violentos; por exemplo, em uma pesquisa feita na Alemanha em
2004, Krahé e Möller constataram que meninos de 12 a 14 anos recomendavam a
seus amigos principalmente esse tipo de jogos; verificaram também que os que
jogavam muito, jogavam mais jogos violentos. Para confirmar essa preferência,
basta examinar qualquer revista sobre esses jogos, e ver-se-á que quase todos os
jogos analisados ou divulgados são violentos; as fotos exibidas são em geral de
cenas violentas. A grande diferença para a TV está na atividade do jogador; nos
jogos violentos, essa ação em geral é de matar pessoas, monstros, etc. Em jogos
muito apreciados, o jogador assume o papel do personagem que está atirando, o
que é denominado de "ego shooter", "atirador na primeira
pessoa". Esses jogos são também chamados popularmente de
"mata-mata", pois ao serem ligados o jogador tem que sair atirando em
reação automática, pois senão perde pontos ou sua "vida". Essa reação
automática é uma necessidade, pois o pensamento consciente é muito lento e
faria o jogador perder pontos ou ser "morto". Assim, os jogadores são
treinados a reagirem instintivamente, sem ponderarem as consequências de seus
atos. Será que não foi isso que aconteceu com os jovens que assassinaram João
Hélio? Na excitação, nervosismo e emergência da situação, saíram em desabalada
carreira sem pensar no que estavam realmente fazendo. Provavelmente sua
intenção não era a de matar alguém, mas ao acelerarem o carro, e perceberem que
estavam arrastando João Hélio, entraram num estado de ação sem ponderação.
Presumo que, a partir dessa tragédia, jogos violentos extremamente populares
como "Grand Theft Auto" e "Carmageddon" (no qual pontos são
ganhos ao se atropelar pessoas), irão incorporar uma situação em que se mata
uma pessoa arrastando-a fora do veículo presa ao cinto de segurança... Seria
muito interessante investigar quanta TV assistiram e quanto uso de jogos
eletrônicos violentos fizeram os assassinos de João Hélio, principalmente o
jovem que guiou o automóvel.
Dave Grossman, coronel do exército americano,
especialista em dessensibilização de soldados (eliminando a inibição de matar,
o que aumenta o acerto dos tiros de 20% para 90%), em seu livro cuja tradução
seria "Parem de Ensinar Nossas Crianças a Matar" relata que os
simuladores eletrônicos que passaram a ser usados no processo de
dessensibilizar soldados, pois era o meio mais efetivo para se atingir esse
objetivo, passaram a ser vendidos como jogos eletrônicos violentos. Essa foi,
aliás, a origem desse tipo de jogos.
Em minhas palestras contra TV, jogos eletrônicos e
computadores na educação, muitas vezes me perguntam: se a influência da TV e
dos jogos eletrônicos é tão maléfica por que não ocorrem muito mais casos de
assassínios como, por exemplo, o da escola Columbine, da cidade de Littleton,
que foi objeto de documentário cinematográfico? Nesse caso, os dois jovens
assassinos e suicidas claramente prepararam-se treinando em jogos eletrônicos.
Minha explicação é que a educação e uma resistência natural à agressividade
ainda devem ser as responsáveis pela contenção do condicionamento feito pelos
jogos violentos. Isto é, ainda bem que o ser humano tem uma relativa proteção
contra ser violento; mas, certamente, a TV e os jogos produzem um aumento na
agressividade, como já foi provado em experimentos cientificamente controlados.
Parece que o interesse pelos jogos estratégicos, em
que não há violência, está aumentando; no entanto, os jogos violentos ainda são
de longe os mais preponderantes. Além disso, os jogos estratégicos exigem um
raciocínio lógico que é impróprio para crianças e jovens antes do ensino médio,
mas esse é um assunto que exigiria um longo esclarecimento; veja-se por exemplo
o artigo "Os riscos dos jogos eletrônicos nas idades infantil e
juvenil", em meu livro "Meios Eletrônicos e Educação: uma visão
alternativa", da Editora Escrituras.
Qualquer argumento sobre algum benefício de assistir
violência na TV ou jogar jogos violentos não resiste a uma análise mais
profunda. Por exemplo, certos psicólogos gostam de usar o argumento da catarse:
o jovem dá vazão a seus instintos violentos, e assim fica, pasme-se, menos
agressivo. Em seu magnífico livro, cuja tradução seria "Cuidado,
Tela!", o psiquiatra e neurólogo alemão M. Spitzer afirma que não
conseguiu encontrar um único trabalho científico corroborando a tese da catarse
e declara em bom tom que o argumento é falso. Aliás, Spitzer afirma em seu
livro que não tem TV em casa, devido aos seus filhos. Eu também não tive, até
minha filha caçula tornar-se adulta – é de longe a solução mais simples para
acabar com o problema. Uma outra solução que tenho recomendado a quem acha que
ter TV é imprescindível, é mantê-la trancada em um armário e só colocá-la à
disposição para assistir algum programa especial.
Um outro argumento recente foi o de uma pesquisa
mostrando que as pessoas que jogavam jogos violentos tinham reação visual mais
rápida. Só que o experimento não foi realizado em um bosque, mas usando
percepção de movimentos em uma tela de computador, isto é, precisamente o mesmo
cenário do que os jogos; é óbvio ululante que o jogador se especializa nessa
reação! Além disso, de que vale ter uma tal vantagem se os prejuízos causados
pelos jogos violentos são enormes?
Portanto, a recomendação para os pais é clara: é
fundamental eliminar a TV e os jogos eletrônicos da vida das crianças e jovens;
não basta restringir o seu uso, pois o efeito é cumulativo. Além disso,
raríssimos são os casos de pais que sempre assistem TV junto com os filhos ou
ficam ao seu lado enquanto estão jogando jogos eletrônicos, para controlarem os
programas e os jogos. Por exemplo, o número de crianças e jovens que têm TV e
jogos em seu dormitório, sem nenhum controle pelos pais, é enorme (mais do que
50% nos EUA).
Quanto às escolas, a ação que proponho é eliminar
totalmente qualquer tipo de competição, a começar pela esportiva, passando
pelas notas. Está mais do que na hora de se reconhecer que qualquer competição
é antissocial. De fato, numa competição, sempre há alguém ou um time que ganha,
e outra pessoa ou time que perde. Quem ganha fica feliz, às custas de quem
perdeu, que fica pelo menos frustrado. Isso não significa eliminar o esporte.
Por exemplo, desenvolvi com um amigo um tipo de jogo de tênis em que contamos
quantas vezes conseguimos rebater a bola sem perdê-la; jogamos forte, mas
sempre na direção do outro, para facilitar a sua devolução (somos jogadores
relativamente fracos, nosso recorde é de 27 batidas cada um). Com isso, como
não importa se a bola cai fora da quadra, fazemos muito mais exercício físico
do que jogando partidas, e estamos sempre preocupados em ajudar o outro, e não
jogar de forma que o outro perca. Em um jogo de futebol (jogo já violento por
natureza, pois muitas vezes os pés transformam-se em martelos...), podem-se
misturar os times depois de cada gol, assim todos jogam contra a bola e não um
certo time contra o outro. Em lugar de jogos competitivos, as escolas deveriam
promover somente jogos cooperativos, uma área educacional recente que está se
desenvolvendo bastante.
Um argumento comum contra essa proposta é que a
sociedade é competitiva, e os jovens devem preparar-se o mais cedo possível
para essa lamentável situação. A falácia desse argumento é que há época para
tudo em educação; a aceleração de algum ensino sempre acaba por prejudicar o
desenvolvimento. Não é absolutamente necessário começar muito cedo a competir,
nem a ler (antes dos 6 1/2-7 anos – ver artigo em meu "site" a
respeito), nem a usar um computador (antes do ensino médio – ver meu artigo
"Computadores na educação: por que, quando e como"), etc. Além disso,
a própria vida vai ensinar mais tarde o jovem a competir, quando necessário. O
que devemos desenvolver desde cedo é a sociabilidade, não a antissociabilidade.
Além dos jogos cooperativos, a escola dá chance
para desenvolver uma consciência social, por exemplo, quando se faz alunos
ajudarem-se mutuamente. Um aluno mais fraco em matemática pode ser muito mais
forte em história ou em línguas, de modo que todos podem ajudar os outros de
alguma maneira, ou colaborar socialmente pelo menos fazendo tarefas conjuntas.
No colegial, deveria ser obrigatório um estágio em uma instituição de assistência
social ou de saúde, como creches para crianças com problemas, lares para
idosos, instituições de alfabetização de adultos, hospitais, prisões, etc. O
contato com o sofrimento produz uma enorme conscientização social,
principalmente nessa idade, onde o jovem tem um grande senso de justiça.
Finalmente, é muito importante verificar-se que
houve uma perda de uma capacidade social e individual intuitiva que havia
antigamente, o respeito à pessoa humana. Em parte, isso é devido à concepção
materialista de mundo, cada vez mais difundida, pois da matéria não pode advir
respeito (e nem dignidade, liberdade e responsabilidade). Note-se que
religiosidade sentimental, tão em voga hoje em dia, é também uma forma de
materialismo. Por sua parte, a TV e os jogos eletrônicos, ao transmitirem ou
simularem situações agressivas, eliminam o respeito. A pessoa que não tem
respeito pelo outro agride-o sem remorsos (um dos assassinos de João Hélio,
perguntado sobre o que achava do sofrimento dos pais deste último, afirmou algo
como: "Eu não tenho filho!"). Respeito depende de sensibilidade
social. Uma das receitas certas para o desenvolvimento dessa sensibilidade é o
exercício de atividades artísticas de bom nível. A arte eleva o ser humano; a
TV e os jogos eletrônicos violentos degradam-no. Em lugar de se pensar em
colocar cada vez mais tecnologia nos lares e nas escolas, como por exemplo no
infeliz projeto "Um laptop por criança", o correto seria melhorar a
dignidade do professor dando-lhe melhores condições de trabalho e salários
decentes, e introduzir o ensino artístico nas escolas. Ou melhor, "reintroduzir",
pois as antigas disciplinas de Trabalhos Manuais e de Canto Orfeônico, que
todos os jovens tinham por 4 anos no ginásio (atuais 5a. a 8a. séries), o
segundo um projeto magnífico de ninguém menos que Villa-Lobos, foram jogados no
lixo por pessoas utilitaristas que confundem formar com informar, acabando por
deformar. O que fizeram com nossa educação está certamente contribuindo para a
miséria que estamos vendo por aí. E por falar em artes, voltando à repressão
citada no começo deste artigo, uma ação que poderia ser tomada imediatamente
seria a introdução de atividades artísticas nas prisões. Veja-se, por exemplo,
o extraordinário efeito da introdução do ensino musical nas instituições da
FEBEM no Estado de S. Paulo ("Projeto Guri").
Falando em miséria, estou plenamente consciente de
que a miséria social contribui para a perda da dignidade e do respeito e para o
aumento da agressividade e da violência. Devemos acabar com a miséria, mas isso
é um projeto a longo prazo. As propostas aqui expostas podem ser adotadas
imediatamente nos lares e nas escolas.
Recomendo aos leitores o estudo e observação dos
tópicos aqui abordados, para que possam refletir conscientemente e tirar suas
próprias conclusões. Para mais detalhes sobre eles, veja-se meu livro citado
acima, e vários artigos em meu "site", especialmente o artigo No. 28
em português, com uma crítica a um artigo de capa de uma revista nacional, em
cujo item 4 coloco as pesquisas mais recentes sobre os efeitos negativos dos
meios eletrônicos; nesse artigo estão as referências para as publicações e
dados citados aqui. Por exemplo, já foi provado estatisticamente que, em geral,
quanto mais uma criança ou jovem usa computador, pior seu rendimento escolar.
Mas isso é um outro e vasto assunto.
V.W. Setzer é Professor Titular, aposentado, do
Depto. de Ciência da Computação da USP.
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