Rio -  De malas prontas, parte da tropa de elite da Polícia Militar começará a ocupar a nova casa, em Ramos, em até 15 dias. A base provisória do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) — que futuramente dará lugar ao quartel definitivo no local — está pronta e deve receber metade do efetivo dos ‘caveiras’ (200 policiais).
Foto: Carlos Eduardo Cardoso / Agência O Dia
Foto: Carlos Eduardo Cardoso / Agência O Dia
A proximidade da mudança, no entanto, aumenta a expectativas e apreensão distintas para moradores de duas comunidades.

De um lado, a população de Ramos aguarda ansiosa a chegada dos novos vizinhos, que devem levar na bagagem a paz para a região ainda sob domínio do tráfico. Do outro, os residentes da Tavares Bastos, no Catete, temem a volta da violência à comunidade, a primeira do Rio a ser ocupada pelo batalhão há 12 anos, quando a pacificação não fazia parte da vida dos cariocas.

“Acho que nossa vida vai melhorar muito. Já era hora da polícia fazer um trabalho sério aqui. Ramos merece esse presente”, disse a dona de casa Regina Célia Santos da Costa, 53 anos de vida e de comunidade.

Figura ilustre da região, o presidente do tradicional bloco Cacique de Ramos, Ubirajara Nascimento, o Bira, também aprovou a chegada dos novos vizinhos’. “O mais importante é que vão trazer paz e o reforço da segurança para a comunidade. As crianças vão poder brincar com tranquilidade e voltará aquele clima de subúrbio, com as pessoas conversando até tarde no portão”.

Na Tavares Bastos, o clima é de tristeza. Mas a comunidade não ficará desprotegida: parte do efetivo do Bope continuará por pelo menos dois anos no quartel, que depois dará lugar à Escola Nacional de Polícia Pacificadora, que vai passar a experiência do Rio para outros estados do País, conforme O DIA antecipou há um mês.

“Ficamos apreensivos. Quando cheguei, o tráfico ainda dominava, mas a minha filha e o meu sobrinho são da geração que só viu armas nos filmes”, lembrou o comerciante Adilson Florentino, 33.

Para o cabeleireiro Márcio Teixeira, 34 anos, a mudança também implica na perda de clientela. “Corto os cabelos de cinco ou seis policiais por dia. Eles representam 35% da minha clientela”.

Tudo pronto em dois anos

A sede de Laranjeiras, onde o Bope reside há 12 anos, continuará em funcionamento com metade da tropa, academia de ginástica, estande de tiros e oficina de viaturas. A mudança total deverá ocorrer em dois anos, quando ficará pronto o Centro de Operações Especiais (COE), o complexo em Ramos para abrigar cinco batalhões e moderno centro de treinamento.

A base provisória, onde funcionava o 24º Batalhão de Infantaria Blindado do Exército, terá 200 ‘caveiras’ divididos em duas equipes de pronto emprego, com negociadores de reféns e agentes de operações especiais.

A base foi construída nos mesmos moldes das UPAs, porém muito maior: há alojamentos, refeitório, banheiros, auditório e salas administrativas e de reuniões.

O terreno tem 220 mil metros quadrados e sediará o maior complexo de treinamento policial do País, com capacidade para atender 1.800 militares.

O projeto do COE está orçado em R$ 160 milhões e abrigará um centro de comando, canil, entre outros.